O jovem tem encontrado dificuldade em espaço no mercado de trabalho formal. O caminho seria o empreendimento?
Existe,
sim, uma dificuldade muito grande do jovem de buscar trabalho no mercado hoje
em dia. O mercado de trabalho exige muito. E muitas vezes a exigência é tanta
que muitos jovens não conseguem um trabalho básico por diversos motivos: falta
de estudo, família desestruturada, falta de apoio dos equipamentos públicos e
diversos outros. O que muitas vezes levam muitos jovens a buscarem trabalhar
por conta própria, e tem também aqueles que nascem com o espírito empreendedor,
como é meu caso, sempre desde pequeno, sempre tive um sonho de ter o meu
próprio negócio e de liderar uma equipe. Já fui líder de grupos em igreja, de
sala. Lembro bem que quando eu entrava numa disputa, os outros candidatos
desistiam, pois sempre eu ganhava a eleição por maioria absoluta, sempre tive o
poder de influenciar e gosto do que faço. Mas, como eu estava dizendo, o que
muitas vezes levam o jovem a empreender é justamente a falta de oportunidade no
mercado de trabalho.
A palavra empreender está em evidência e fala-se que
os jovens deveriam se voltar para o empreendimento. Existe, realmente, espaço,
para o empreendedorismo?
Existe,
sim. Empreender não quer dizer que você já vá montar uma grande empresa,
contratar muitos funcionários e ganhar muito dinheiro. Empreender é muito mais
amplo que isso. Um dos requisitos é ter visão. Você pode empreender sendo
funcionário de uma empresa, vendendo pipoca na rua, vendendo sanduíche, vendendo
açaí, mas você precisa ser criativo para se diferenciar dos outros e conquistar
o diferente. Existem muitas pessoas que, com o básico, conseguem se destacar e
ser empreendoras de acordo com sua realidade.
Você é graduado em Administração e está atuando em uma
clínica odontológica. O que te fez migrar empreender em uma área totalmente
diferente da tua?
Eu não
costumo dizer que estou atuando em uma área diferente da minha. Quem se forma
em administração por amor e gosta da área sai preparado para administrar
qualquer instituição, seja ela de saúde ou não. O curso de Administração é
amplo. Vemos de tudo. E o que conta também são meus anos de experiência na
área.
Existem outros casos de jovem empreendedor na
Odontologia sem ser graduado na área?
São raros.
Geralmente quem empreende na área odontológica são odontólogos, ou pessoas mais
maduras, que se envolvem no segmento e com alguns anos veem que é viável e
decidem investir. Em outros Estados é mais comum recepcionistas, gerentes
formarem sociedade e investirem em clinicas. No meu caso, fui mais ousado. Não
peguei uma estrutura pronta. Comecei do zero, onde eu mesmo era quem atendia e
fazia a limpeza da clínica, além de ajudar aos dentistas no que tivesse dentro
das minhas possibilidades. Com o tempo, fui ampliando e montamos nossa equipe.
Quais os obstáculos para quem quer empreender?
Alguns dos
obstáculos é o medo da incerteza, que nos faz fazer as perguntas: será que vai
dar certo? Eu devo largar o certo para
ir em busca do incerto? A coragem é a chave para vencer qualquer medo e ir em
busca dos nossos objetivos. Chegou um determinado ponto que eu tomei a decisão
de enfrentar os medos e lutar. E graças a Deus, tomei a decisão certa.
Qual o passo a passo para quem quer empreender e ser
dono do próprio negócio?
Para todo e
qualquer empreendimento dar certo é bom, primeiro e antes de tudo, fazer o
planejamento. Ao se preparar, é bom a gente anotar todas as ideias, economizar
e não gastar com coisas desnecessárias. Claro que é preciso buscar entender o
ramo, calcular os riscos, ser persistente e, se possível, ter uma reserva que
cubra suas despesas para seis. Isso para poder fazer com que o negócio avance
sem muitas despesas no início.
Obviamente que quando se fala em ser “dono do próprio
negócio” alguns critérios devem ser levados em consideração. Quais você
destacaria?
Empatia é a
palavra que mais uso no meu vocabulário. Quando nos colocamos no lugar das
pessoas, temos a oportunidade de ver as coisas de um outro ângulo. Essa
empatia, de sempre buscar o melhor, dá satisfação e nos possibilita entender
que, apesar das pessoas as vezes serem difíceis, elas estão ali para nos
mostrar que sempre podemos ser melhores. E isso atribui a líderes, a funcionários,
a clientes. Atribuo às pessoas, de uma forma geral. Quando se tem empatia, o
ambiente se torna mais humanizado e os clientes se tornam seus amigos. Cria-se
um vínculo que faz bem ambas a partes.
Quais erros mais comuns se percebe no
empreendedorismo?
Achar que
você pode fazer tudo sozinho, que você não precisa de ninguém, que chegou aonde
chegou por mérito próprio. E nós sabemos que ninguém chega a lugar nenhum
sozinho. Sempre devemos ter a convicção que por trás de nós, sempre vai existir
um alguém, ou um grupo que foi ou é responsável pelo nosso sucesso.
Ser empreender é sinônimo de mudança de comportamento
e no trato com as pessoas?
Para mim
não muda nada em relação ao meu relacionamento com as pessoas. O que mudou foi
o peso da responsabilidade de saber que muitas pessoas dependem das minhas
decisões, errando ou acertando e que a cada dia é um desafio novo, que
precisamos ter jogo de cintura para os desafios, e sempre acreditar que tudo
vai dá certo.
Agora, depois de alguns meses com o próprio negócio, o
que você diria para quem quer empreender?
Que tenha humildade, pé no chão, coragem e não ter medo de nada nem de ninguém. Se você tem um sonho, lute e vá em busca dele. Com certeza, você consegue. Não tenha medo das portas que se fecham, muitas outras abrem e tudo quando não se vem para agregar, vem para ensinar.
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