sábado, 25 de novembro de 2023

... E quando a velhice chegar

... E quando eu estiver velhinho e não apresentar condições de raciocínio tão rápido quanto agora, prefiro que me deixem curtir o momento. A idade avança e a gente tem, necessariamente, que se acostumar com a nova realidade. Parece até paradoxal, mas nascemos com olhos fechados e, ao morrermos, o campo de visão também se fecha. É como se não quiséssemos observar o que vamos encontrar e, ao final, não enxergar o que estamos deixando.

É incrível como algumas pessoas se sentem desconfortável com o avançar do tempo, da idade. É como se o medo residisse no fato de que o precisar de pessoas, no futuro, pode ser uma coisa ruim. E, se pensarmos direitinho, realmente é. Depender do suporte de outros não é fácil. Ainda mais quando não se tem o básico: que é o respeito. Isso em se tratando de convivência familiar.

E talvez seja por esse fator que tem gente recorrendo à figura do cuidador. E realmente pode ser uma saída honrosa para os dois lados. Quem é idoso precisa e quem está à procura de emprego, também. Daí ser o que se chama chama de "uma mão lavando outra", que passa a funcionar sem vínculo familiar, mas com todas as características respeitosas que possa se ter.

Evidentemente que não é uma regra a ser seguida. Mas, com os novos tempos, novas ideias em prática, principalmente pelos mais jovens, cada vez mais fico convencido de que não seria uma boa alternativa ficar sob o comando de algum filho ou filha. Preferível, como foi dito, experimentar a solidão da velhice ou na companhia da esposa. Sim, um casal pode, perfeitamente, envelhecer junto e, com certeza, segurar um na mão do outro para continuar o caminho que os uniu e ainda une.

De certeza mesmo é que a cada dia, a cada mês e ano, mais perto de fechar os olhos a gente fica. E, reafirme-se: fechar os olhos na partida é uma espécie de desapego e um sinal, silencioso, de que é melhor guardar tudo o que se viveu e se viu para, na memória de vida posterior à morte, reaprender a observar o passar do tempo.

Será melhor, certamente, irmos aprendendo a fechar os olhos aos poucos para, quando a hora chegar, não sentirmos medo da partida. O escuro pode causar medo, mas se formos, aos poucos, nos acostumando com a ideia, a transição pode ser parceira da vida. Afinal, um ciclo tende a se encerrar para que outro seja iniciado. E, ao início de um novo, o abrir dos olhos vai, mais uma vez, ser encantador com o que se vai perceber à volta.



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