terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Mossoró está em fogo cruzado para 2024 e 2026

Aquela máxima de que uma eleição passa, necessariamente, pela anterior, é mais que certa. Em Mossoró e Natal, por exemplo, tudo caminha para a concretização de um plano que vem sendo planejado amiúde e que envolve, diretamente, políticos que pensam em 2026 e que necessitam, diretamente, do resultado do pleito do ano que vem. Carlos Eduardo, Allyson Bezerra, Zenaide Maia, Fátima Bezerra e Ezequiel Ferreira são algumas peças do tabuleiro político que se movimentam e pensam, obviamente, no xeque mate.

Tudo, absolutamente tudo, tem ligação com tudo. Vamos em Natal: lá o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves se projeta para ir, provavelmente, ao segundo turno com a deputada federal Natália Bonavides. A parlamentar tem apoio claro da governadora Fátima Bezerra. E o ex-prefeito já recebeu o aval da senadora Zenaide Maia. Saliente-se que, até pouco tempo, Zenaide e Fátima eram aliadíssimas, mas o que está em jogo, agora, não pode permitir essa aliança.

Em detalhes, Zenaide quer enfraquecer a base do PT em Natal. Tradicionalmente Fátima Bezerra não tem boa aceitação na capital do Estado e precisou, em 2022, atrair Carlos Eduardo Alves para o seu lado, com o afã de se dar bem nas urnas. E conseguiu. Mas agora a situação é outra e se volta para a sobrevida política de Carlos Eduardo e também de Zenaide Maia.

Ele precisa desse fôlego político que pode vir de um mandato. E Zenaide quer o suporte necessário para não ser sufocada, nas urnas, por Fátima Bezerra, que certamente vai tentar uma das duas vagas que se abrirão para as eleições de 2026. E Ezequiel Ferreira, presidente da Assembleia Legislativa, entra para fechar a chapa ao Senado, ao lado de Fátima. Isso se não for candidato a vice-governador na chapa de Walter Alves, que é, hoje, o vice.

Em Mossoró a situação é praticamente a mesma, claro com algumas alterações. O prefeito Allyson Bezerra não tem oposição sistemática até agora. Ele, no jargão, surfa e consegue passar a ideia de que seria imbatível. Ocorre que a coisa não está tão boa assim para ele. As palavras que ele falou no passado ainda repercute, bem como algumas ações impensadas. O fato é que Allyson precisa renovar o mandato para pensar em 2026 com alguma garantia e folga.

É aí que Natal e Mossoró se equiparam. Pelas terras de Santa Luzia o prefeito já declarou que vai seguir com Zenaide ao Senado. E, com isso, ele fecha, antecipadamente, uma parceria que visa a composição em 2026. Ele também quer minar as possibilidades de avanço de uma provável aliança envolvendo a oposição em Mossoró. Allyson sabe que, se isso acontecer, as chances de um segundo mandato na Prefeitura de Mossoró corre sérios riscos. E ele também é ciente de que, pelos números que consulta, a ex-prefeita Rosalba Ciarlini seria a única com densidade eleitoral capaz de derrotá-lo.

Nesse sentido, as eleições do ano que vem em Mossoró deixarão o plano local para alcançar um patamar mais elevado. O que está em jogo não é apenas a giroflex do Palácio da Resistência. Forças políticas estaduais e até nacionais vão estar inseridas no contexto local. Tudo vai depender, obviamente, de como as conversas, acordos e definições ocorrerão.

O certo é que o prefeito Allyson Bezerra tem apostado suas fichas na verba do segundo financiamento. O primeiro, do Finisa, ele já utilizou praticamente tudo. O dinheiro deixado por Rosalba Ciarlini serviu para ele projetar a imagem de bom gestor. Embora com sérias ressalvas, tem conseguido. E esse segundo financiamento será, caso ele seja reeleito, utilizado para o prefeito trabalhar a imagem de que pode ser o que o Governo do Estado precisa. 

Em suma: a vitória de Allyson Bezerra representa, consequentemente, um problema para o hoje vice-governador Walter Alves, para a governadora Fátima Bezerra e para o presidente da Assembleia Legislativa. E, de lambuja, tem o fato do prefeito mossoroense servir como ancoradouro do único ninho bolsonarista, no Rio Grande do Norte, que pode repercutir na política nacional. Positiva ou negativamente. Daí chamar, também, a atenção do cenário nacional.

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