segunda-feira, 11 de março de 2024

O espelho e as imperfeições do mundo governista

Todas as escritas devem ser levadas em consideração, mas não quer dizer que sejam reais ou verdadeiras. Fosse assim não se tinha, desde a Grécia Antiga a disputa teórica entre Platão e Aristóteles, cuja dialética segue até a contemporaneidade e, ao que tudo indica, seguirá por séculos e séculos adiante. E é preciso, sempre, discordar. Afinal, é isso que faz a história acontecer e que, de algum modo, serve como parâmetros para análise do ontem e do hoje.

Dito isto, vamos ao que interessa: o vereador Francisco Carlos enviou, via lista de transmissão, um texto que aponta para espelho, vaidade, verdade, mídia e particularidade. Bem escrito, diga-se, o material exemplifica a Rainha Grimhild, aquela do desenho/filme "Branca de Neve". Trata-se de uma feiticeira que quer ser a mais bela e, para efeitos comparativos com outras mulheres, usa um espelho com a indagação: "espelho, espelho meu: existe mais bela do que eu?". 

E o parlamentar faz a analogia com as mídias, supostamente contrárias ao seu agrupamento político (e são poucos blogs, jornalistas) que apontam o que surge no espelho. Francisco Carlos afirma: Para percebemos a nós mesmos como de fato somos, precisamos sair da bolha, usando um espelho simples, ao invés de um espelho mágico.

Facilmente perceberemos que, pelo menos na média, somos iguais aos outros." Antes ele, direta e indiretamente, fala em bolhas e que as mídias digitais que são contrárias apenas querem falar para os seus.

Vamos lá: a alegoria do espelho foi muito bem usada pelo parlamentar. Mas esse mesmo espelho que é usado, segundo ele, pela imprensa que insiste em apresentar o que não seria uma falha ou problemas da gestão mossoroense, é também o que aponta as imperfeições. E, com essa lógica, seria impossível sermos iguais aos outros. Aquela expressão popular, "diferente dos iguais", poderia cair melhor aqui.

Para compreender melhor, o blog utiliza aqui Platão, em sua teoria dos Dois Mundos: o Inteligível e o Sensível. O primeiro seria perfeito e o segundo, o imperfeito. Na visão governista, Mossoró está uma perfeição administrativa e o que se vê por lá é, consequentemente, a última maravilha mossoroense.

Contudo, se alguém que estiver utilizando um colírio chamado espelho verá, necessariamente, o reflexo da administração. E é no reflexo que as falhas aparecem. Por isso que as mulheres utilizam-no para a maquiagem, para corrigir as imperfeições. Daí ser impossível que duas ou mais pessoas sejam iguais. Até gêmeos não são iguais, porque possuem essências diferentes.

Dessa maneira, a Rainha Grimhild passa a ser, necessariamente, a administração municipal, que utiliza o famoso espelho mágico para, efeitos comparativos, se apresentar com uma megalomaníaca proposta que, aos olhos dos seus seguidores e adeptos da mesma magia, possibilita o avanço coletivo.

O mundo criado pela Rainha, em Mossoró, não se sustenta e não está presente no reino de maneira integral. Daí ser necessário que a população, encontrando nas mídias virtuais, vejam o espelho e observe que a suposta realidade exposta não passa de marketing barato, feito por quem deveria administrar e que apenas projetando conteúdos para, com isso, atrair os que possam ser enfeitiçados por uma magia chamada subserviência intelectual e política.


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