As críticas ao
Governo do Estado que partem de deputados aliados e o relacionamento do governo
com a base são os principais temas destacados nesta entrevista com o deputado
estadual Leonardo Nogueira (DEM). Para ele, existe dificuldade de
relacionamento devido ao não-atendimento de pleitos dos parlamentares. Esse
fator, disse o deputado, estaria gerando desgaste para a governadora Rosalba
Ciarlini. Com relação às críticas, o democrata frisou que a oposição tem
conseguido tirar proveito da situação e que existe uma certa falha na
comunicação do próprio governo, que não tem trabalhado para sobrepor aos
ataques sistemáticos dos oposicionistas. Nesta entrevista, Leonardo Nogueira
também fala das conversas que ele e a ex-prefeita Fafá Rosado estão mantendo
com diversos partidos políticos e que a melhor opção de projeto partidário que
possa se adequar ao que os dois querem, com relação a planejamento de futuro,
será a escolhida. Confira, abaixo:
JORNAL DE FATO –
Como o senhor avalia a relação DEM/PMDB, tendo em vista que há pouco tempo o
PMDB inseriu mensagem na TV, na qual propaga algo ao futuro?
LEONARDO
NOGUEIRA – Vejo como decisões prematuras. Dentro do cenário que se vive, em
busca dos entendimentos políticos, ainda há uma indefinição. A classe política
potiguar deu uma demonstração do quanto é forte quando se une, que é o caso da
reunião que tivemos com a presidente da Petrobras no Rio de Janeiro. Entendo
que todos têm que ter essa postura. As dificuldades podem ser superadas, mas
hoje se constituem em obstáculo para os partidos que fazem parte do governo
Rosalba Ciarlini.
A INSERÇÃO da
publicidade do PMDB deixou no ar a expectativa de candidatura tanto de
Garibaldi Filho quanto de Henrique Alves. O senhor fez essa leitura?
É VERDADE. O
programa foi muito bem feito, de uma qualidade excepcional e, mais importante
ainda, deu oportunidade para outras lideranças, como os deputados estaduais.
Realmente, a leitura é essa mesma, aventando a possibilidade de futuro. E o
futuro é ocupar os espaços que serão disputados tanto para o Governo quanto para
o Senado no próximo ano.
O SENHOR falou
em reunião com a presidente da Petrobras, a qual externou união. Contudo,
ocorreram outras reuniões de cunho político em Brasília e em Natal para se
definir a manutenção da parceria com os partidos da base...
CONVERSO sempre
com os colegas da bancada do PMDB e eles insistem, persistem e diariamente
mostram as dificuldades que estão tendo com o Governo Estadual. Isso são fatos.
Essa dificuldade pode, com certeza, prejudicar o entendimento político para o
futuro.
SERIA falta de
diálogo ou o fato de o Governo se negar a atender deputados da própria base?
PRINCIPALMENTE,
duas coisas básicas: consideração e respeito. Isso é o que eles dizem e é isso
que estamos comprovando no dia a dia.
O SENHOR, que é
da base e do DEM, enfrenta essas dificuldades?
ENFRENTO. Não de
conversar, de não ser recebido, não de não participar de reunião ou de
participar de audiências com os secretários, mas sim de resolver os pleitos dos
municípios, das minhas lideranças – prefeitos e vereadores. Principalmente na
área da saúde e da segurança, e agora com relação à seca. Enfrentamos muitas
dificuldades.
O GOVERNO alega
algum problema para não atender ou dialogar com a base?
SEMPRE se colocam
as dificuldades herdadas e que ainda persistem, e que isso inviabiliza de se
fazer o que precisa ser feito. Como falei, principalmente na área da segurança,
saúde e da agricultura. Vejo como pleitos que são do dia a dia e que não são
atendidos.
ALGUNS deputados
da base, em pronunciamento, criticam o governo e dizem, em outras palavras, que
existem inoperância e falta de atenção. Essas dificuldades implicam em afirmar
que o governo não teria projetos?
ACREDITO que
essas dificuldades são verdadeiras. Não acredito que uma liderança como a
governadora Rosalba, não acredito que a experiência do chefe de Gabinete, o
ex-deputado estadual Carlos Augusto, não perceba o desgaste que a governadora
está tendo. Acredito que nenhum gestor queria para si essa dificuldade e o
desgaste que a governadora está tendo. Acredito que é verdade, que a maneira
como os destinos do Estado estão sendo conduzidos, de não atender as
expectativas de nenhum segmento, principalmente se levar para o lado do funcionalismo,
classe médica, da infraestrutura e dos projetos que o Governo poderia ter,
acredito que tudo isso é fruto dos problemas que são persistentes e que foram
herdados pela governadora.
AS CRÍTICAS dos
deputados da base aliada municiam a oposição e percebe-se que o governo fica
inerte e abre espaço para a oposição se projetar...
É VERDADE. Em
todo pronunciamento que procuramos fazer, ou audiência pública, temos procurado
mostrar as coisas que melhoraram, mas mesmo assim se percebe que se abre uma
brecha para se criticar algo que não podemos negar, como a questão da
segurança, da saúde, da educação. Hoje mesmo (sexta-feira), recebi ligação de
Janduís dizendo que assaltaram a agência dos Correios de lá. Há duas semanas,
fui com os prefeitos da região à Secretaria de Segurança, ao comandante,
mostrar que o GTO da região, que compreende Janduís, Campo Grande, Upanema,
Caraúbas e outras cidades, não podia sair daquela região. E saiu. E hoje teve assalto à agência dos Correios.
São fatos dessa maneira que você não pode defender, não pode contra-argumentar
e cria para a oposição, e para os deputados da bancada do governo, situações
delicadas.
OS PROBLEMAS existem,
como o senhor citou. O Governo afirma e reafirma a existência deles, mas
algumas ações estão em andamento. Contudo, estas ações não sobrepõem aos
problemas batidos sistematicamente pela oposição. O que falta para o governo se
contrapor às críticas?
É VERDADE. O
Governo não está conseguindo mostrar à população o que está fazendo, o que
melhorou e o que avançou. Realmente, estamos sentindo, desde o começo do
governo, falha na comunicação.
O SENHOR acha
que existe tempo para o governo reverter esse quadro?
ACREDITO que o
governo tem condições de reverter esse quadro. Estamos sentindo, desde os
últimos meses, uma reação. Diria até que, pelas maiores lideranças do nosso
agrupamento, tem condições de se fortalecer e partir para uma campanha
política.
ESPECULA-SE que
a ex-prefeita Fafá Rosado sairá do DEM para outro partido, em busca da
viabilidade para projeto relacionado a 2014...
ESTAMOS conversando
como todo agente político conversa. Temos tido conversa com o PMDB, PV, MD,
PR... Enfim, é muito normal que eu e a ex-prefeita Fafá estejamos trabalhando e
planejando nosso futuro político. E onde tivermos mais opções, onde possamos
continuar nosso trabalho... Estamos conversando com as lideranças do DEM e de
outros partidos... Vamos tomar a decisão prudente e que seja melhor para que
esse grupo seja ampliado e fortalecido.
O SENHOR vislumbra,
caso haja a mudança de partido, para que a parceria do PMDB, PR, MD, PSDB, além
do PV, seja mantida com o DEM?
É VERDADE. A
nossa intenção, desse encaminhamento e quando acontecer, é que a aliança seja
ampliada e se tenha avanço maior do grupo político e que hoje engloba
exatamente DEM, PMDB, PR, PV e PSDB. Queremos tentar manter esse grupo. As
decisões, que acontecerão até setembro. Tenho que ser sincero dentro daquilo
que for melhor para a ex-prefeita Fafá e para mim.
ENTÃO, isso
implica dizer que o senhor buscará a reeleição?
COM certeza. É a
nossa pretensão, e isso já decidimos. Existe a decisão que podemos dizer e é a
de que serei candidato à reeleição e que a prefeita Fafá Rosado vai procurar
espaço onde for melhor para ela e para o nosso grupo. Vamos procurar espaço
para que a ex-prefeita Fafá continue trabalhando, ajudando e servindo ao povo
do RN.
EXISTEM conversas
agendadas com os partidos políticos nesse sentido?
DIRIA que
semanalmente temos tido conversa com lideranças. Temos conversas agendadas com
todos os partidos, não para decisões, mas para colocar nossos pontos de vista,
nossas dificuldades e nossos projetos. Aquele projeto que melhor se encaixar
com o nosso, esse é o rumo que vamos tomar.
Fonte: Jornal de Fato