O blog foi busca um questionamento de Kant para iniciar
algum tipo de debate. Seja ele qual for. Segue o que indagou Kant: “Was heisst Aufkdãrung?” Aportuguesando,
ficaria mais ou menos assim: “o que está acontecendo neste momento?”. Só
Deus sabe. Mas, como Deus é, segundo Aristóteles, Motor Imóvel, não teria como
sair em defesa de ninguém e caberia ao homem, assim, fazer a própria defesa.
Mas não é tarefa fácil. Buscando o que defende Michel Foucault, vem algo que já
desconfiávamos. E que remete a algo esquematizado, definido, elaborado,
pensado, organizado: “o homem age agido.”
Assim posto, nada mais se pode dizer? Evidentemente que a
resposta seria contrária ao que se pergunta. E o que se tenta comentar aqui é
que o indivíduo pensa que tem liberdade de agir, de tomar decisões. Quando, de
acordo com o que afirma Foucault, tudo já está devidamente preparado para que o
sujeito siga o script que deve ser evidenciado.
O agir do homem, de suas decisões, já foi preestabelecido
há tempos. No mundo jurídico, principalmente. As chamadas brechas na Lei
reafirmam o que o blog está dizendo aqui. O Estado – não confundir com Governo –,
enquanto arcabouço jurídico e com suas normas que regem a sociedade, já “permite”
que se tenha o pressuposto do direito, de reivindicar algo exposto como
equivocado. Ocorre que, ao final, tudo termina conforme quer o próprio Estado.
Temos apenas a falsa ideia de liberdade.
E é o que ocorre em Mossoró. Tivemos uma campanha
eleitoral, de 2012, mais que acirrada. Polarizada entre duas candidaturas. Quem
vencesse – e assim o foi – seria não seria por uma diferença grande. E veio
algo já previsto: a judicialização do resultado eleitoral.
Hoje temos um município com mais de 300 mil eleitores
sendo administrado por alguém que não foi submetido ao crivo popular. Não para
a função de prefeito. Mas a culpa não é do prefeito interino Francisco José
Silveira Júnior (PSD). Ele apenas segue o esboço traçado pelas leis. E ele
próprio é refém da armadilha exposta por Foucault: apenas age conforme quer o
Estado. E mais: Silveira não tem nenhuma garantia de que permanecerá na função
interina. Pois assim determina, também, o Estado.
Como se vê, as questões vivenciadas em Mossoró são de
ordem meramente judicial. Algo já previsto. Algo já esquematizado e sem
novidade alguma. Ocorre que não estamos acostumados a passar por tais momentos.
Daí o questionamento de Kant: “o que está acontecendo neste momento?”
O que o blog quer dizer aqui já foi comentado em posts
bem anteriores: a culpa (se é que alguém ou alguma coisa pode ser considerado
culpado por este desarranjo ou arranjo) é da Justiça.
Não se diz que a vontade do povo é soberana? É balela
pura. A judicialização de um resultado eleitoral põe por terra esse argumento
da democracia. Mas pior seria se pior fosse. Um caos, pode-se dizer assim. Se a
Justiça impõe essa vertente, de apregoar a liberdade de escolha do cidadão, ela
tolhe essa premissa da mesma maneira que a evidencia. Mas como seria se não
tivéssemos um norte? Não se tem a resposta.
Seja lá quem estiver na Prefeitura – a prefeita afastada
Cláudia Regina (DEM), o prefeito interino Silveira ou qualquer outro político,
em caso de nova eleição – o fantasma vai sempre rondar. Sempre vai existir o
temor de, em algum momento, se ouvir o “buh” que faz os cabelos do braço
arrepiarem. Subirem.
Enfim, liberdade é apenas uma palavra. É algo metafísico.
Pensamos que a temos. Mas se a temos, como a Justiça pode tolhê-la? Então
significa que não somos livres coisíssima alguma.