Durou pouco a convivência entre a senadora Fátima Bezerra (PT) e o governador Robinson Faria (PSD). Ela entregou cargos para os quais tinha indicado e abriu margem para especulação diversa. Inclusive de que tudo estaria voltado para 2018. E não poderia ser diferente: a senadora petista é a "bola da vez" ao Governo do Estado. Sim, porque se houver direcionamento nesse sentido e as últimas eleições forem levadas em consideração - exceto a de 2014 - praticamente todos os candidatos eram senadores. Por quais motivos seria diferente com Fátima Bezerra?
Abaixo o comunicado da ala petista da qual a senadora Fátima Bezerra pertence. É só prestar atenção no texto que todo mundo vai entender: o PSD quer governar sozinho e ainda por cima, abocanhar cargos do Governo Federal. Fátima não gostou. Leia:
Nós, militantes da
tendência petista Avante, comunicamos à Executiva Estadual do PT potiguar que,
em virtude de dificuldades e divergências que se
acumulam nesses 10 meses de relações político-administrativas com o governo do
PSD, estamos disponibilizando os cargos ocupados por nossos militantes Rodrigo
Bico e Laissa Costa, diretor-presidente e diretora administrativa, respectivamente,
da Fundação José Augusto.
Cabem, evidentemente,
alguns esclarecimentos acerca do que seriam essas “dificuldades e
divergências”.
Acumulam-se
dificuldades administrativas enfrentadas na gestão da FJA, único instrumento de
fomento à cultura do estado. Já de início surgiram dificuldades na formação da
equipe, passando pela falta de priorização orçamentária, insistência na
ocupação dos prédios da Pinacoteca para outros fins que não a cultura, até o
fato do presidente não ser recebido em audiência pelo governador do estado para
discutir a implementação do projeto de cultura defendido pelo governador no
processo eleitoral e que foi fruto de ampla discussão com os segmentos
artísticos do estado. Tudo isso tem gerado enorme desgaste para os gestores e
para o PT com um importante segmento social no qual a nossa militância é
bastante atuante.
Divergências de fundo
na condução das relações com a categoria dos professores e servidores da UERN,
onde o governo não conseguiu fazer prosperar o diálogo para pôr fim à mais
longa greve na instituição. Essa postura acabou na judicialização do processo,
por iniciativa do governo do estado, o que em nossa avaliação é mais um
equívoco.
Além disso, as
exonerações do diretor administrativo da CEHAB, Deyvidson Giuliano, e da
secretária adjunta de educação, Socorro Batista, sem nenhuma comunicação (nem
prévia, nem posterior) aos mesmos ou ao coletivo que os indicou, não são
práticas que revelam parceria política. Em ambos os casos a comunicação foi
feita pelo Diário Oficial do Estado.
No caso da secretária
adjunta de educação, tudo que sabemos até hoje são notícias veiculadas na mídia
que dão conta da insatisfação do governo com a defesa que a mesma fez dos
trabalhadores em educação da UERN, que exercem o legítimo direito de greve.
Cabe esclarecer que Socorro Batista foi atuante dirigente sindical da categoria
e dela ninguém poderia esperar postura diferente. No nosso entender, esse foi
mais um equívoco por parte do governo na condução do processo, tanto pela
concepção quanto pela inoportunidade do movimento paredista. A efetivação da
exoneração só contribuiu para acirrar os ânimos entre servidores e governo.
Mais recentemente, o
PSD/RN entendeu que devia ocupar a superintendência da CBTU-Natal,
interrompendo uma gestão que vem realizando um imperioso trabalho de
recuperação de viabilidade econômica e de credibilidade junto aos usuários de
um serviço publico estratégico que é a mobilidade urbana na região
metropolitana de Natal. Mesmo com todas tentativas de negociação que
mobilizaram o deputado Mineiro e a senadora Fátima, na busca de um acordo com
as principais lideranças pessedistas, nada demoveu o PSD/RN desse propósito.
Entenderam que o legítimo seria ocupar a superintendência da CBTU, pelo fato da
empresa estar ligada ao Ministério das Cidades, cujo ministro é do PSD.
Estranho esse argumento, uma vez que não é essa a regra aplicada em nenhuma
secretaria ou órgão do governo do estado administrado pelo PSD, pelo que se tem
notícia.
Esclarecemos que essa
decisão é coletiva, de uma Tendência Petista com representatividade no partido,
e não apenas da senadora Fátima Bezerra, apesar dela também compor o coletivo.
Entretanto, nosso comunicado não pretende que o partido inicie a partir dele
qualquer discussão de rompimento ou afastamento do governo do PSD. Tampouco
temos o propósito de causar constrangimentos ao governo do qual seguimos
aliados e muito menos aos petistas que continuam a ocupar cargos na gestão, que
terão todo o nosso apoio. Pelo contrário, esperamos que a nossa posição
sensibilize o governo a reconstruir da melhor forma as relações políticas e
administrativas com o Partido dos Trabalhadores.
Baseamos a nossa
posição na ética da responsabilidade de um grupo que, ao perceber que incomoda,
está se sentindo incomodado e por isso considera equivocado continuar a ocupar
cargos de gestão onde não gestionamos ou fazer política sem interlocução.
Executiva da AVANTE no
Rio Grande do Norte: Danyelle Guedes; Deyvidson Giuliano; Francisco Piolho;
Josiane Tiburcio; José Eduardo da Silva; Laissa Costa; e Olavo Ataide.