Sequenciando a série de entrevista com
pré-candidatos à Prefeitura de Mossoró, o blog publica hoje uma conversa com o
empresário Sebastião Couto, conhecido como Tião da Prest ou Tião Couto. No bate-papo, ele se
apresenta e fala sobre o que o levou a entrar na política. Ele disse se sentir
desafiado e encara seu atual momento como algo a ser vencido, independente de
resultados. “É um desafio para mim estar na linha de frente de uma campanha
como pré-candidato”, afirmou. Nesta entrevista, Tião afirma que, em outras palavras,
não se acha “estranho no ninho”, em virtude de ser fora do eixo da política
tradicional e diz que Mossoró sempre deu oportunidade às pessoas que queiram
contribuir com o seu desenvolvimento. Leia a conversa abaixo:
Quem
é Tião Couto?
Um sonhador que busca realizar seus sonhos.
Quando criança, corria nas Cajazeiras, ali pertinho das Barrocas, onde nasci, e
sonhava em ajudar meus pais. Estudava numa escola distante oito quilômetros de
casa, ia a pé, e trabalhava; tomava banho, pescava e bebia água do Rio Mossoró,
ainda não poluído. Fui encanador, meu primeiro emprego. Trabalhei no serviço
público, a CPRM, perfurando poços. Depois, abri meu próprio negócio na área.
Hoje, após anos e anos de muita luta, tenho negócios em algumas áreas e emprego
1.200 pessoas, o que é uma alegria para mim em ajudar minha cidade e meus
conterrâneos. Sigo sonhando e querendo mais para Mossoró.
O
que o levou a pensar em entrar na política?
Certo dia, conversando com um grupo de
amigos, observando que Mossoró estava mergulhada numa crise financeira e a
administrativa, frustrada com seus governantes, decidimos que a gente podia
colaborar mais com a cidade oferecendo o nosso nome como opção política. Nós já
votamos e ajudamos aos políticos, porque não ampliar essa participação? A gente
amadureceu a ideia e formamos o Mossoró Melhor, que cresceu, recebeu pessoas de
todas as categorias, do professor a dona de casa, fomos para os bairros
conversar e ouvir sugestões e o meu nome foi escolhido para representar esse
sentimento de que é hora de mudar o sistema político atual, cheio de maus
exemplos. Nada temos contra os políticos e os partidos, nem rejeitamos nenhum,
mas é preciso uma união para mudar essa forma de fazer política e,
principalmente, de governar.
O
senhor, em campanhas anteriores, apoiou diretamente ou indiretamente algum
grupo político? Espera que haja retorno agora?
Digo que colaboramos com amigos,
principalmente com o voto. Jamais negamos colaboração e não colocávamos
preferências. Para se ter uma ideia de meu desprendimento, nunca havia me
filiado a qualquer partido político, antes dessa minha filiação em 3 de março
último. Fiz sem vincular benefícios ou retorno. Esse momento é novo para mim,
jamais me vi articulando apoio político ou conversando em nível de decisão como
estamos agora. É como uma nova fase da nossa caminhada estivesse começando.
Na
qualidade de pré-candidato, o senhor tem participado de alguns eventos e
reuniões. Como está o trabalho de se mostrar ao eleitor?
É um desafio para mim estar na linha de
frente de uma campanha como pré-candidato. Conheço as pessoas, me identifico
com elas, entro nas casas, conheço as necessidades de cada um, de cada recanto
da cidade, até porque minhas origens não foram esquecidas. Saber ouvir, debater
cada assunto, apresentar propostas e construir uma conversa que redunde numa
relação confiança são bons requisitos de campanha que temos aplicado. As
pessoas estão entendendo esse jeito diferente de fazer política. Estamos
gostando, fazendo com prazer cada compromisso da agenda proposta. Além disso,
temos nos reencontrado com amigos de infância, de escola... Andanças por
Mossoró, conhecendo cada problema, oferecendo uma solução possível de promover.
O
senhor acha que Mossoró tem espaço para uma candidatura fora do eixo da
política tradicional?
Mossoró sempre deu oportunidade às pessoas. O
fato de ter sucesso ou não advém de outros fatores. Percebemos que, atualmente,
as pessoas estão desencantadas com os políticos e querendo apoiar projetos que
mudem o sistema político e a forma de administrar o município. Os escândalos de
corrupção e a falta de gestão para responder às demandas sociais, cada vez mais
crescentes estão tirando dos políticos a sua representatividade popular, e o
povo de nossa cidade tem nos dito isso. Há espaço. Há sentimento. Precisamos
oferecer um Plano de Gestão que gere confiança às pessoas, e isto estamos
fazendo.
Fala-se
que seu companheiro de chapa será o também empresário Jorge do Rosário. Existe
definição em relação a composição de chapa?
Esse assunto ainda não constou da pauta dos
entendimentos políticos. Sequer ventilamos essa escolha agora. Temos conversado
com os partidos sobre alianças e essa questão tem sido deixada para discussão
posterior. Jorge é um grande quadro, conhece bem Mossoró, tem vontade de ajudar
a Mossoró superar essa crise, como temos muitos outros bons nomes, com o mesmo
perfil e dispostos a estar na chapa nos ajudando nessa caminhada.
Como
o senhor espera trabalhar a questão da chapa proporcional? Qual a meta do PSDB
para a Câmara Municipal?
Os partidos que integram o Mossoró Melhor
estão conversando sobre essas coligações, vendo como faremos cada uma delas,
para tirarmos melhor proveito dos votos dos nossos candidatos e assim elegermos
uma maior bancada. O PSDB tem dois vereadores, Tassyo Mardony e Vingt-un Neto,
e queremos não só reeleger, e sim aumentar nossa representação.
Com
base na sua experiência empreendedora, o que poderia ser feito em Mossoró.
Alguma ação específica que possa ser exposta agora e defendida na campanha?
É preciso criar um ambiente favorável para o investimento: atrair
empresas, qualificar mão-de-obra, ter políticas públicas que favoreçam boa
estrutura física e fiscal, bem a prefeitura deve fomentar programas de pequenos
negócios, além dela mesma fazer investimentos na infraestrutura municipal.
Temos de gerar expectativa positiva no meio empresarial, reorganizar as
incubadoras de empresas existentes, dar apoio as empresas locais que geralmente
são esquecidas, rever a burocracia para a redução de barreiras legais para a
criação de empresas, simplificar os códigos fiscais e sistemas de pagamento e
dar maior atenção a composição dos editais de concorrência. A cidade deve estar pronta para ser o vetor
maior do progresso.
Como
o senhor avalia o atual momento da política brasileira?
Preocupante. A nossa Democracia está amadurecendo e queremos que ela
resista à crise política que estamos passando, envolvendo nomes de relevo da
República, tanto no plano executivo quanto no legislativo. Creio que seja um
momento de depuração e retomada de valores mais nobres como a ética e
fortalecimento partidário. E que após essa fase a gente esteja mais forte e que
mudemos esse sistema que está corroído por corrupção e interesses pessoais. Em
Mossoró vivemos um desencanto. O eleitor não confia mais nos políticos. As
apostas de mudanças propostas ao eleitor não deram o resultado desejado por
nós. Isso gera esse sentimento de que é hora de apostar numa gestão
transparente, moderna e eficiente.