O titular deste espaço publica abaixo o editorial que escreveu no JORNAL DE FATO (na qualidade de Diretor de Redação), edição desta terça-feira. Para reflexão de alguns. Segue:
O sentido de liberdade vai além do que a palavra
significa. Ainda mais quando se vive em uma democracia, na qual todos são
livres para expressar seus sentimentos e tomar posições, inclusive políticas,
para que se consiga chegar ao que se quer: exercício pleno da liberdade. Mas,
quando se percebe que uma coisa não tem ligação com outra, que não se vive em
democracia e nem se é livre, busca-se algo para consolidar o sentimento
coletivo, que é o bem comum. Algo tão sonhado e desejado por todos.
|
E, nessa luta, algo
surge como norteador do caminho a ser seguido. Nada é conquistado sem a
verdade. E é em busca desta que todos, homens e mulheres, trilham nas mais
variadas vertentes ideológicas, para conseguir concretizar o objetivo maior de
toda e qualquer sociedade. No livre exercício da imprensa, essa tem sido,
talvez, a grande batalha: apresentar aos leitores o real (no sentido de leitura
de mundo) sentimento do que seria uma sociedade igualitária e justa.
O que se pode questionar
é a conduta de um chefe do Poder Executivo expor todo o descontrole para
explicar algo que, pelo que está posto na Justiça Eleitoral, conforme
declaração de bens apresentados por ele, surge como inexplicável. Em vídeo
postado nas redes sociais, o prefeito deixou entender que, somando-se os 16
anos de experiência como vereador, somados ao período em que está no comando da
Prefeitura de Mossoró, teria como justificar o avanço patrimonial.
Silveira Júnior faltou
com o básico quando se quer convencer alguém de alguma coisa: a verdade. No
material veiculado no domingo escrito pelo jornalista Magnos Alves, teve-se o
cuidado de entrevistar o próprio prefeito. E como é que agora, diante da
repercussão, surge essa história de que o JORNAL DE FATO não estaria concedendo
direito de resposta? A resposta só é concedida quando o direito de apresentar
alguma defesa é tolhido. E em nenhum momento este jornal se negou a concedê-lo.
Quem se esquiva de apresentar respostas aos questionamentos da sociedade é o
próprio prefeito. Esquiva-se de algo próprio de quem é gestor público. Afinal,
o que está em jogo é o patrimônio público.
O cidadão tem direito de
saber o que está sendo feito e como está sendo gasta a verba pública. Quem se
nega a apresentar a verdade, de esclarecer fatos e expor o que se passa é quem
está na Prefeitura de Mossoró. Um dos exemplos dessa afirmação está no termo de
doação de R$ 15 milhões à Prefeitura, à construção do Complexo Turístico de
Santa Luzia, que já conta duas pedras fundamentais lançadas e, se continuar na
peleja obscura, terá terceiro ou quarto lançamento.
Quanto às provas de que
teria havido avanço patrimonial em 557%, não é acusando de ser um "jornal
de merda" que o prefeito explicará isso aos eleitores. Não basta dizer que
as suas conquistas pessoais estão computadas na Receita Federal. E fica a
pergunta: por quais motivos não se declarou antes à Justiça Eleitoral? Senhor
prefeito, o respeito que se quer não se conquista desrespeitando. O que se viu,
pelo seu vídeo, foi um total despreparo emocional diante de algo que contrariou
alguma expectativa. Seja ela qual for. Se um prefeito e candidato à reeleição
não respeita quem lhe faz oposição, o que esperar do trato que pode ser
direcionado ao cidadão?
O JORNAL DE FATO sempre
pautará suas atividades na ética e no respeito. E quando se fala em ética,
atribua-se à essência da palavra, que é a de fazer a coisa certa. Se existe
discrepância entre valores patrimoniais, não é tarefa de a imprensa julgar. Mas
o de informar, isso é. E sempre seguiremos com o mesmo propósito. Quanto ao
julgamento, cabe ao eleitor fazê-lo, isso com relação à análise da verdade que
se quer vender. Quanto ao juízo das leis, cabe ao Ministério Público e aos
juízes.
É respeitando que se é
respeitado!